Salve salve pessoal…
Por acaso você já jogou um game em que você ficou com o coração na mão, e enquanto guiava o personagem, do nada você leva um baita susto? rs… Hoje trago para vocês a evolução do gênero Survival Horror.
Antes de mais nada, tenho que assumir para vocês, eu sou cagão rs… Raramente jogo games de terror, e eu levo susto até jogando Half Life 2 rs…
O Survival Horror (ou Terror de Sobrevivência) é um sub gênero de jogos que seu ponto principal é causar um terror nos jogadores buscando por sobrevivência no ambiente do game, podendo ser em jogos em terceira pessoa, primeira pessoa, etc… Esse sub gênero vem dos jogos de Sobrevivência (Survival Game ou Survival Action), onde tem o elemento de Sobrevivência mas a Ação é maior do que o Terror.
Lá na década de 80, os jogos de terror começaram a surgir, assim como os filmes de terror também se popularizavam, começam a surgir jogos como Nostromo, no qual o intuito era escapar de uma nave espacial e fugir de um alienígena que ficava invisível, outro exemplo dessa mesma época é Haunted House para Atari 2600, contendo alguns elementos do Survival Horror como solução de enigmas. Mas os jogos se resumiam a uma ou outra característica, e não tinha um enredo forte ou algo atrelado do que conhecemos como “Terror de Sobrevivência”… Jogos adaptados de filmes, também traziam elementos assim como Aliens The Computer Game.
Tudo começa a mudar nos fins dos anos 80… Um exemplo disso é quando Tokuro Fujiwara, da Capcom, cria um jogo chamado Sweet Home, nesse jogo Tokuro queria trazer um enredo, e trazer realmente a sensação de adrenalina da sobrevivência aos jogadores, com itens limitados, além de conter vários enigmas, fugindo de criaturas que poderiam matar os personagens e ainda a estória do jogo era contada através de trechos que datavam 50 anos antes dos acontecimentos, tudo isso fez com que o jogo não chegasse ao ocidente, ficando só no oriente (uma curiosidade, é que o primeiro Resident Evil era pra ser um remake do Sweet Home).
No mesmo ano, a Eletronic Arts lança o jogo Project Firestart, desenvolvido pela Dynamix, que continha diversos elementos usados até hoje em Survival Horrors, como armamento fraco, personagem principal vulnerável, a sensação de isolamento, música desencadeada de forma dinâmica, etc… Além de conter vários elementos apresentados também em Sweet Home, porém como foram lançados no mesmo ano, provavelmente eles foram desenvolvidos em paralelo, mas nesse período eles estavam dando um pontapé inicial para o Survival Horror.
Em 1992 a Infogrames lança um jogo que marcaria o ponto de ignição do Survival Horror, o jogo Alone In The Dark, nele você controla um investigador chamado Edward Carnby inspirado pelos contos de Howard Phillips Lovecraft (HP Lovecraft). Alone In The Dark apresentou ideias que foram utilizadas por muito tempo nesse tipo de jogo, como imagens pré-renderizadas, câmeras estáticas, personagens em 3D, foco na resolução de enigmas. Outro ponto a se ressaltar, assim como existiam monstros no jogo, você poderia enfrentá-los normalmente, mas o jogo dava outras opções como bloquear os ataques e evadir, sendo que alguns monstros não podiam ser mortos, assim os jogadores tinham que encontrar outra forma para resolver esses problemas. Também existia um mecanismo de notas e livros para saber mais sobre os enigmas presentes no título.
Alone In The Dark causou um rebuliço, devido a alta qualidade do jogo para época, mas foi em 1996 que o mundo sucumbiu ao gênero Survival Horror, com um jogo da Capcom feito pelo Tokuro Fujiwara (o mesmo de Sweet Home) e liderado pelo Shinji Mikami (Dino Crisis, Onimusha, Devil May Cry, etc), o jogo foi chamado aqui no ocidente de Resident Evil, e no oriente de Bio Hazard.
No jogo você entrava em uma mansão para tentar resgatar os membros da equipe, e apesar de nessa época empresas quererem que os jogos não tivessem limites no controle do personagem, a Capcom optou por restringir o usuário, colocando recursos similares ao do Alone In The Dark e outros recursos novos, a Capcom colocou também fundos pré renderizados (o que permitia aos desenvolvedores enriquecerem de detalhes as cenas), câmeras estáticas no jogo, fazendo com que o jogador realmente entrasse no clima do jogo, de você não conhecer a mansão e tentar encontrar os membros do grupo (aquela cena do zumbi virando a cabeça, é uma das cenas mais memoráveis do mundo dos games).
Além de tudo isso, o jogo realmente queria passar uma sensação de terror, como por exemplo, com cachorros quebrando janelas, corredores estreitos, pouca munição, etc, o jogo foi lançado para Playstation e Sega Saturn e causou um enorme sucesso. Ou seja, o Survival Horror pode até ter engatinhado na década de 80, e Alone In The Dark ser considerado o “pai” do gênero, mas toda a sua popularidade e até mesmo outros jogos desse estilo, devem ao Resident Evil.
Com o sucesso de Resident Evil, algumas empresas começaram a ver nesse Terror de Sobrevivência, uma oportunidade de ganhar dinheiro, assim começaram a nascer projetos de várias empresas com vários focos e enredos diferentes, surgem jogos como Parasite Eve, Dino Crisis, Blue Stinger, Nightmare Creatures, etc.
Mas quem conseguiu alcançar o mesmo status do rival da Capcom, foi Silent Hill da Konami, lançado em 1999, mas diferente de Resident, a inspiração de Silent Hill era um terror psicológico. O jogo se passava em uma pequena cidade americana (com muita névoa rs), e usava um 3D em tempo real para a construção dos cenários. Uma coisa que chamou a atenção dos jogadores e da crítica, era a presença de um ruído estático de rádio portátil, funcionando como uma espécie de radar que indicava quando um demônio estava por perto.
Apesar do sucesso de ambos os jogos, o Survival Horror já mostrava sinais de cansaço, mesmo com Resident vendendo bem até a versão 0 para GameCube, e os jogos da franquia Silent Hill também, os jogos se resumiam a escapar dos inimigos, tentar solucionar enigmas, coletar informações, etc… Assim os jogos meio que pararam sua evolução, se tornando maiores, mas não buscando outras características inovadoras. E assim o gênero começa a vender menos e se tornar mais voltado a um nicho específico (muitas empresas começam a fazer jogos de ação com sobrevivência, e menos de terror de sobrevivência, sendo que empresas que focavam em Survival Horror criavam cada vez mais enredos de alta qualidade).
Tanto que a Capcom para atingir um público maior, ao invés de usar o Survival Horror no Resident Evil 4, muda algumas coisas e acaba transformando a série, deixando apenas como um jogo de Sobrevivência com foco na Ação.
Mas antes de isso acontecer, existiam ainda empresas que queriam inovar, e Eternal Darkness lançado para GameCube (planejado para Nintendo 64) é uma prova disso, a Silicon Knights começou a trazer um novo tipo de “terror” para o gênero, a ideia era quebrar a 4ª parede, e dessa forma o jogo desorientava jogadores com vozes sussurrantes, ângulos de câmera desordenados, simulações de quebra de jogo na tela, demonstrando que forças paranormais descobriram o protagonista, que no caso era você… O jogo também foi inspirado em HP Lovecraft
Além de Eternal Darkness, existiu um outro projeto que chamou a atenção das pessoas, o Fatal Frame, o jogo é baseado na cultura japonesa, com fantasmas (alguns bons e alguns nem tanto rs), no jogo, o jogador consegue exorcizar espíritos com uma câmera.
A Atari até fez algumas tentativas de reviver a série Alone In The Dark, uma em 2001 com Alone in the Dark: The New Nightmare e outra em 2008 com Alone In The Dark (5º jogo da franquia), porém em ambos os casos, apesar de vendas aqui e lá, não conseguiu atingir um grande público e a mídia, tornando se apenas mais alguns jogos na multidão.
Parecia que o Survival Horror iria continuar de forma tímida. Alguns jogos acabaram pegando inspirações e característica desse gênero, como a franquia Bioshock e FEAR. Muitos não esperavam muitas novidades do Survival Horror, eis que a EA demonstra ao mundo Dead Space, criado pela Visceral Games, e lançado em 2008. O jogo foi bem aclamado pela crítica, por passar a sensação de sobrevivência e adrenalina novamente, a sequência do jogo foi bem elogiada, já o terceiro game, dizem que a EA queria que ele tivesse mais elementos de ação.
Mas existia um projeto que estava deixando os fãs de Survival Horror ansiosos, um jogo da Remedy, chamado Alan Wake. O jogo foi anunciado em 2005, mas só foi lançado em 2010, contando a história de um escritor que parte em busca de sua esposa em meio a escuridão, equipado com uma arma e uma lanterna, resolvendo quebra cabeças e coletando informações sobre o que pode estar acontecendo. O jogo é totalmente imersivo, com o jogador se perguntando o que está acontecendo com Alan Wake e com a cidade que ele foi visitar com a esposa (foi um dos poucos jogos que zerei e fiquei com aquela sensação de querer jogar tudo novamente). A recepção do jogo foi boa, mas ele não se tornou um best seller assim de cara, o Alan Wake teve um fenômeno constante de vendas, similar ao GoldenEye 007 para Nintendo 64, ou seja, vendendo bem em todo o tempo de vida útil do console.
Apesar disso tudo, a Remedy sempre disse que Alan Wake na verdade não é um Survival Horror (apesar de muitas pessoas considerarem um), para a empresa o jogo é um game de ação com Thriller Psicológico (como um jogo de suspense psicológico).
Apesar do Survival Horror ter se tornado de nicho, ainda uma vez ou outra surge algum jogo de alto orçamento investindo, assim surgiu o Resident Evil 7, que colocou a visão em primeira pessoa, e resgatou vários traços de terror e dos primórdios dos jogos de Terror de Sobrevivência, como a exploração ao invés de ação, inventário com capacidade limitada, baús para guardar itens, itens que revelam informações do enredo (no caso fitas cassete), enigmas, etc… A versão para Playstation 4, inclui suporte a Realidade Virtual, dando uma maior imersão ao jogador.
Apesar da Capcom ter focado na sobrevivência, muitas empresas não focam mais em Survival Horror, e nesse quesito, pequenas empresas e equipes indies, estão lançando cada vez mais games interessante, ressaltando dois aqui, o primeiro o Five Nights at Freddy lançado em 2014, onde é um jogo de apontar e clicar (point and click) em primeira pessoa, onde você é um guarda e tem que sobreviver na fictícia pizzaria Freedy Fazbear, onde os robôs animatrônicos acham que você é um deles, e começam a te perseguir, e você deve economizar energia elétrica, se proteger e fazer estratégias para sobreviver.
O outro jogo que chamou a atenção tanto de público, quanto de crítica, foi o Slender: The Eight Pages, um jogo em primeira pessoa, baseada no folclore americano de Slender Man, onde você está em uma floresta e deve encontrar 8 páginas que supostamente são de uma das vítimas do Slender. O jogador não tem nada para se defender ou atacar, apenas uma lanterna para enxergar melhor (e que pode ficar sem energia). Após pegar a primeira página, Slender começa a perseguir o personagem, e quanto mais páginas conseguir, mais difícil o jogo se torna, e a música também muda, causando uma sensação de pânico.
Então jovens, apesar de ser um gênero de nicho, e poucas pessoas gostarem, ainda existem bons games de Survival Horror, e com a evolução dos Indies, pode ser que mais e mais games nesse estilo façam a alegria de nós gamers.
Referências:
– bit-tech.net
– ign.com
Sugestão de postagem feita por José Claus, campeão brasileiro e sulamericano de Kickboxing.
Bom pessoal, por hoje é só.
Abraços e até a próxima.
É meu amigo Daniel, hoje sou suspeito a falar, más como sempre um material de qualidade e muito bem escrito.
Infelizmente, esse nicho de horror/terror não tem a devida atenção que merece, é ainda mais destratado do que os filmes, porque além da diferença de horas dedicadas, tem o quesito de se colocar na pele do personagem, o que para muitas pessoas acaba sendo uma experiência desagradável.
Porém, ao meu ponto de vista esse acaba sendo o gênero onde temos a maior imersão, pensamos realmente antes de agir e nos colocamos em situações onde a adrenalina assume o controle.
Segue algumas curiosidades relacionadas ao que você colocou:
– Em relação ao nome do Resident Evil ser diferente no ocidente, se deu porque nessa época havia uma banda com o nome de BioHazard, então optaram por trocar o nome para evitar problemas.
A cena do zumbi virando a cabeça em Resident Evil 1, foi replicada em outro jogo do mesmo diretor (Shinji Mikami) o The Evil Within, acredito que de propósito, seja por uma referência saudosa, ou uma forma de alfinetar a CAPCOM pelo caminho que deram ao Resident Evil.
A névoa que nos atormenta tanto em Silent Hill 1, surgiu porque o playstation não conseguia renderizar os cenários em 3D instantaneamente, então colocaram essa névoa justamente para isso não ficar nítido. O retorno foi tão positivo, que acabaram adotando isso para os próximos jogos, mesmo não tendo mais necessidade.
Essas são algumas informações que tenho de cabeça, me desculpe se tiver algum equivoco.
É isso ai meu amigo, continue assim, te desejo muito sucesso, porque você realmente merece.
Abraços!
Bom dia Zé.
Rapaz, fico contente de ter gostado do artigo.
Muito obrigado pelo apoio.
E obrigado também pelas curiosidades enviadas.
Um grande abraço.